Estresse, não sei nadar e eu deveria estar estudando

11 abril 2017 —


Esses dias a minha garganta travou, e a sensação não foi como se tivesse um nó nela, mas sim uma bola de chumbo quente queimando todas as estruturas do meu corpo responsáveis pela fala e deglutição. Era noite, íamos a uma festa de aniversário e parte de mim pedia pra que o carro pifasse e tivéssemos que voltar pra casa. Eu só queria voltar pra casa.

É engraçado o que a nossa cabeça pensa, esperando que as coisas deem errado, e quando elas dão, queremos que tudo volte ao normal. Ele errou a rua - eu já esperava isso - e tivemos que dar mais uma volta. Não demorou muito pra que as pseudo-lágrimas parassem de sair e minha garganta voltasse ao normal. Bem, quase normal. Ela ainda dói um pouco, nesse exato momento. Já faz dois dias. Enfim.

Não tenho tempo. Na verdade, tenho. Só não sei usar.

Tenho um trabalho que amo e estou num curso que realmente me dá vontade de estudar, de me dedicar. Tenho uma família abençoada que é tudo pra mim, e o namorado mais perfeito que eu poderia pedir a Deus. Pra completar, faço terapia com uma psicóloga que gosto muito e me dá vontade de ir a todas as sessões, ao contrário das minhas antigas tentativas frustradas de psicoterapia (psicanálise não é pra mim).

Não tenho tempo, é o que digo. Repito o tempo todo. Queria assistir Os 13 Porquês (pra falar mal, admito), queria ler um livro, queria me maquiar mais frequentemente, fazer exercícios, melhorar minha dieta. Não tenho tempo. Ou não tenho uma agenda? Ou tenho preguiça de levantar mais cedo? Ou só consigo dormir tarde?

Ter consciência de si mesmo é tão bênção quanto maldição. Compreender e contemplar do que você é feito é maravilhoso, mas junto vem a percepção do mal que você faz e isso é arrasador. Quando é que eu vou parar de oscilar entre a vontade de ajudar os outros e a de morrer?

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